Cada vez mais a juventude está sendo levada a cultuar ídolos
da arte, que sobem ao palco e servem de referencial para uma geração. Eles
querem imitar os seus ídolos, acham legal e descolado sua postura no palco, e
isso atribui ao artista uma grande carga de responsabilidade.
A responsabilidade de ao subir num palco e com as luzes
sobre ele, o artista está sendo observado por muitos, e nesse meio tem jovens e
adolescentes para admirar sua postura e copiar suas atitudes. Afinal ídolos são
imitados, principalmente por seres humanos em formação.
Reconhecendo que ao subir no palco “não pode vomitar
qualquer coisas”, nessas palavras Ortinho envia mais uma nota sobre sua postura
polemica do FIG 2013. Esta nota foi publicada no blog do Diário de Pernambuco e
eu estou republicando.
Leia a nota na íntegra:
"Menos ódio e mais bom senso
“Lia esta ciranda quem me deu foi você. E o que eu mais
queria era te agradecer com uma canção de amor cheia de alegria, com esse calor
de cirandar de dia.”
Comecei esta nota com a letra de uma das composições que
gravei no meu primeiro disco solo. Vão dizer alguns que quero me promover às
custas de toda essa polêmica, mas tudo que eu disser aqui vai ser usado contra
mim mesmo, né? Espero que para as pessoas de bom senso não, mas vamos lá.
“Nunca mostrei a porta da rua para que ela saísse antes de ser espancada”; “nem
nunca afirmei que nem toda mulher gosta de apanhar, exceto as normais” . Não
quero julgar os autores dessas frases. Os dois Nelsons, tanto o Rodrigues
quanto o Cavaquinho, são expoentes da cultura brasileira, que inclusive fizeram
parte da minha formação, tanto quanto Roberto Carlos e todo seu romantismo, que
muito imprimiu na minha poética. Não estou tirando o meu parreco da reta. As
minhas poucas e infelizes palavras jogadas no meio de uma zoada da gota, que é
um show de rock, percebidas por poucos, renderam todo esse furacão.
Não quero me inocentar daqueles cinco segundos impensados,
quando acabei de falar algo que vai de encontro ao que eu realmente acredito.
Minha filosofia está mais pra Capiba: “Numa mulher não se bate nem com uma
flor”. Não vou pagar de santo, sei que algumas das atitudes que tive no
decorrer da vida foram machistas. Cresci no ambiente do cabra macho, onde a figura
da mulher é sempre submissa. Reproduzi atitudes desse ambiente, sem uma
autocrítica mais apurada. Infelizmente foi necessário que um vacilo machista
tomasse a proporção que tomou para que eu realmente entendesse que não posso
vomitar, ainda mais em cima de um palco, num show pago por nós contribuintes,
palavras que possibilitem uma conotação contra a mulher ou qualquer ser vivo em
geral. Não foi esta minha intenção, por mais que alguns insistam em não
acreditar. Não fiquei fazendo pregação que incitasse atitudes violentas ou
ódio.
Como já disse e vou repetir, foi uma breve e lamentável
fala, que considero os cinco segundos mais infelizes de toda a minha vida.
Entendo o repúdio ao meu ato, assim como a indignação de quem se sentiu
ofendido, mas não a postura odiosa de algumas pessoas que ameaçam a minha
integridade física. Chegaram a dizer que eu poderia amanhecer com a boca cheia
de formigas ou até propor nas redes sociais que eu fosse apedrejado e queimado
vivo em praça pública. Não temo a justiça dos magistrados, porque não sou
criminoso. Me preocupo, sim, com o ódio ensandecido de quem pede que eu pague
com sangue pelo ocorrido.
Para finalizar, quero deixar claro que estou aberto ao
diálogo com os organismos governamentais (FUNDARPE, SECRETÁRIA ESTADUAL DA
MULHER) e setores da sociedade civil organizada, no que for necessário.
Ortinho"
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