Janete, uma filha de
Garanhuns
Ela foi arquiteta, decoradora e uma garimpeira incansável da
arte popular. Autêntica, pioneira, viajou por todo o Brasil para colocar mais
vida na casa dos brasileiros. Uma vida que nasce da imaginação e se materializa
através das mãos de tantos mestres e mestras a quem devemos o olhar
desapressado, generoso.
Janete Costa nos ensinou isso. Nos mostrou que concreto e
barro podem ocupar o mesmo espaço. Que Vitalinos devem estar em grandes
coleções de arte. Em outras palavras, que a criatividade plástica do povo tem
muito valor, porque grita, fala e chora sobre nós; sobre quem somos e quem
podemos ser quando o olho vê com o coração ou com o corpo inteiro.
São inúmeros os adjetivos que cabem na trajetória de Janete
Costa. Um deles, sem dúvida, dá ainda mais sentido à homenagem do 23º FIG à
pernambucana: o de ter sido filha de Garanhuns. “Em Janete, ser brasileira – e,
mais ainda, pernambucana – não foi mero adjetivo. O local de nascimento foi
decisivo como norte de sua atuação, balizador. Ela teve um empenho visionário
na questão de que a arte, o design e a arquitetura em nosso país precisam
expressar as identidades culturais locais”, escreveu a pesquisadora em design
Adelia Borges, um dia depois da morte da amiga e parceira de trabalho, em 2008.
Nascida na Cidade das Flores, em 1932, Janete Costa conviveu
desde muito cedo com os artistas populares da região, antes mesmo de sonhar com
plantas arquitetônicas e projetos. Ainda menina, costumava brincar com
brinquedos populares comprados na Feira de Caruaru, e já arrumava suas peças em
coleções. Depois foi cursar arquitetura no Rio de Janeiro, onde iniciou sua
vida profissional. Quando retornou a Pernambuco, escolheu Olinda como morada e
montou um escritório no Recife, ao lado do arquiteto Acácio Borsoi, marido e
parceiro durante mais de 40 anos.
Sua atuação também envolveu projetos com artistas populares,
montagens de exposições e o acúmulo, durante toda a vida, de uma coleção
pessoal composta por peças de valor inestimável. Algumas delas podem ser vistas
na mostra que o Sesc Garanhuns abriga em pleno Festival de Inverno de
Garanhuns, como parte desta mais do que merecida homenagem.
Fonte: Assessoria do Evento
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